Carne Fraca!
Itapema 01/04/2017
Régis Duarte Müller
5° Dom na Quaresma – 01/04 a 08/04/2016
Textos Bíblicos: Salmo 130; Ezequiel 37.1-14; Romanos 8.1-11; João 11.17-27,38-53
Atualmente acompanhamos a repercussão da operação “carne fraca”, que trouxe à Luz tudo de horrendo que era feito em segredo. Carnes podres, adulteradas, modificadas e tudo com o fim de gerar lucro. No entanto, apesar de toda gravidade da situação, o brasileiro não perde seu estilo Macunaíma de viver, fazendo piada com a situação, que na verdade era motivo de choro, e não de risos. Pensando assim, o brasileiro, com seu
jeitinho, ‘viraliza’ ao compartilhar fotos de churrasco com papelão, dando a entender que os churrascos de domingo não tem origem no animal do campo, mas nos derivados das plantas/árvores que utilizam para a criação do papel.
Sim, a carne que comemos é fraca! Mas ao lermos os textos desta semana percebemos que não é somente a carne bonina ou suína que apodrece, mas a humana também. Assim percebemos ao lermos o texto de Paulo aos Romanos, quando diz: “Deus fez o que a lei não pôde fazer porque a natureza humana era fraca – porque a carne era fraca” (Rm 8.3). De onde, também, surge um desculpa bastante esfarrapada para explicar certos deslizes na vida, de modo que frequentemente se escuta a tentativa de explicação com a frase “a carne é fraca”.
Pois então, a carne realmente é fraca, e agora não estamos falando de uma operação policial e nem de explicações esfarrapadas, mas de uma situação original oriunda do pecado e que está presente em todo ser humano. Fato pelo qual podemos afirmar: “A Carne é fraca” (Rm 8.3), em outras palavras: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23).
Assim Paulo mostra o quanto é fraca a nossa natureza humana, bem como, as consequências de tal fato, visto que, aqueles que vivem de acordo com a “carne – natureza humana” não podem agradar a Deus (Rm 8.8). Na verdade, diante da situação pecaminosa e corrompida do ser humano, os outros textos nos apresentam uma interessante definição. Em Ezequiel a carne já não faz mais parte do corpo, pois restaram apenas ossos; enquanto que em João encontramos a ‘carne humana’ putrificada, pois afirma Marta: “Senhor, ele está cheirando mal, pois já faz quatro dias que foi sepultado” (Jo 11.39b).
Apesar de compreendermos tais aspectos como físicos, os textos estão abordando a situação espiritual do povo, a saber, podre e sem valor, em total perdição. Percebe-se isso
diante da palavra que diz: “O povo de Israel é como esses ossos. Dizem que estão secos, sem esperança e sem futuro” (Ez 37.11).
O povo de Israel e qualquer outro povo que não conhece a Deus e a sua Palavra, nem lhe dá ouvidos, são semelhantes a um vale de ossos secos, são corpos putrificados em seus delitos e pecados aguardando a sentença final no dia do juízo.
Assim, ao nos despedirmos de alguém nesse mundo choramos sua morte, como fizeram as irmãs Maria e Marta diante da morte de seu irmão Lázaro. Mas aqueles que confiam em Deus entendem que a morte é resultado do pecado, mas também creem na ressurreição após a morte, como testemunhou Marta, a irmã de Lázaro, ao dizer: “Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia” (Jo 11.24b). Marta e Maria, contudo, puderam ver a glória de Deus através da ressurreição do seu irmão, Lázaro.
Em virtude de tal fato, Jesus ganhou a atenção dos fariseus e mestres da lei, que passaram a perseguir Jesus, e diante das palavras de Caifás, se faz conhecido o plano perverso e profético, que terminará na morte de Cristo na cruz.
O motivo da perseguição e morte de Jesus é a fraqueza da carne, o pecado. Pois pelos pecados do mundo inteiro Jesus se entrega como sacrifício para “regatar a nação e reunir em um só corpo todos os filhos de Deus que estão espalhados por toda parte” (Jo 11.51b-52).
Jesus é o salvador, o Senhor da ressurreição, e todos que são pecadores, que estão putrificados em seus pecados, que se encontram em profundo desespero, todos de ‘carne fraca’ podem ouvir a mensagem profética de salvação, a qual junta os ossos secos, desperta os mortos. A mensagem de Cristo que diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem
crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá” (Jo 11.25-26ª).
Infelizmente por causa da fraqueza da carne todos morrerão, mas aqueles que creem em Cristo não precisam temer a morte, mas aguardar esperançoso o grande dia da ressurreição. Afinal, como afirma Paulo: “Se Cristo vive em vocês, então, embora o corpo de vocês vá morrer por causa do pecado, o Espírito de Deus é vida para vocês porque vocês foram aceitos por Deus. Se em vocês vive o Espírito daquele que ressuscitou Jesus, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dará também vida ao corpo mortal de vocês, por meio do seu Espírito, que vive em vocês” (Rm 8.10-11).
Que ‘a carne fraca’ de nossa natureza pecadora possa ser ressuscitada por Cristo no dia da Salvação.
Oração: Obrigado Senhor por seu amor disposto a salvar. Que possamos confiar e depositar toda nossa esperança em ti. Em nome de Jesus. Amém.